terça-feira, 24 de março de 2009

GINGA-J

Tornando pública posição tomada sobre tema debatido no Fórum do SBTVD e
prestes a ter uma definição:
Haverá Ginga-J? em caso afirmativo, o que o comporia? O debate dentro da academia foi conduzido pelo professor Luis Fernando Gomes Soares, que consultou 12 instituições para elaborar a posição deste setor dentro do Fórum. Em síntese, a opção da academia foi massiva em favor de Ginga-NCL complementada por Lua. Caso Java seja considerado realmente essencial, a opção recomendada é o GEM.
Caro prof. Luiz Fernando:

Na definição sobre os componentes do Ginga, alguns preceitos básicos precisam ser considerados. Após a escolha do sistema de modulação, cabe agora colocar inteligência na TV digital brasileira. É a interatividade que vai definir como a TV digital será usada no país: se com modelos semelhantes à TV analógica, com poucas alterações, ou com mudanças substanciais no conteúdo audiovisual e no mercado de comunicação brasileiro. Me parece que não cabe a tecnologia determinar, e nem limitar, esse mercado.

Estrategicamente, dada a importância do middleware na estrutura do ISDB-Tb, o país precisa manter o domínio tecnológico do middleware e de sua evolução. Esse passo já foi dado com a normatização das linguagens NCL e Lua, como padrão declarativo geral e como padrão para dispositivos portáteis. A definição do padrão não declarativo deve seguir a mesma linha de raciocínio. Ou seja, maximizar os ganhos com tecnologias nacionais e minimizar dependências estrangeiras. Portanto, não se pode correr o risco de ficar na dependência de uma única empresa, no caso a Sun Microsystems, que especificou o JavaDTV.
A opção JavaDTV não necessariamente deve ser descartada. O que precisa ficar claro na decisão é o quanto o país tem de autonomia nesse padrão. Como o middleware é um software, o mesmo tende a evoluir, agregando requisitos novos. Essa evolução precisa ser conduzida com responsabilidade, o que demanda trabalho conjunto entre quem gera a demanda (no caso o Brasil) e a oferta (no caso a Sun).

Quanto ao GEM, o pagamento de licenças parece inviabilizar a utilização num primeiro momento. Além dos valores envolvidos, cabe ressaltar que o mercado de interatividade internacional está tão restrito e fechado a alguns países que dificilmente surgirá, no curto e médio prazo, um mercado exportador de aplicações integradas aos produtos audiovisuais. Nos sistemas de TV por assinatura, mercado muito mais amplo, a comercialização internacional de aplicativos é praticamente inexistente. Os discursos sobre esse assunto estão iguais a pelo menos cinco anos, retratando potenciais sem subsídios estatísticos. Além disso, é preciso considerar os problemas que o MHP está enfrentando, com críticas de todos os lados na Europa.

No entanto, não se pode correr o risco de perder a compatibilidade com os sistemas internacionais, uma vez que mudanças em paradigmas tecnológicos são constantes. Além disso, ainda está em aberto o valor das licenças a serem pagas pelo uso das monomídias, que será negociado individualmente no caso de Ginga-NCL ou Ginga-J versão JavaDTV. No caso do GEM, a negociação poderia ser integrada.
Finalizando, todas as opções parecem ser compostas por tecnologias boas e eficientes. No entanto, a indefinição quanto ao domínio tecnológico do JavaDTV e o pagamento de royalties do GEM são limitantes. Dessa forma, a opção Ginga-NCL mais Lua, como linguagem não declarativa, é a melhor opção no momento, cabendo ainda uma avaliação sobre os valores dos royalties das monomídias.
Atenciosamente,
Valdecir BeckerUniversidade Metodista de São Paulo

fonte:
http://www.valdecir.tv.br/

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